Dos escritos que não cabem nos outros blogs. Da literatura que é só minha... compartilho o que por tanto tempo escondi no peito. Não tem mais jeito. Quando um sussurro vira urro ainda sangro em tinta.
19 de setembro de 2013
Mulheres em matilha
Mulheres sangrando.
Mulheres amando.
Mulheres criando!
Mulheres, ah, mulheres.
Tão frágil sozinha porque mulher é bicho que vive em matilha.
Tão forte em grupo!
É, entendo porque temem tanto a força de um útero que sangra e não morre.
Que gera e se fortalece. Dos seios que alimentam, que inundam de amor.
Ah, as mulheres!
11 de setembro de 2013
Ciranda da Vida
A minha está no fim já é hora de acabar.
Fazer uma limpeza é preciso. É preciso tirar a sujeira. Separar o joio do trigo.
Tudo que morre já nasceu e ainda vai nascer. Tudo que nasce já morreu e ainda vai morrer.
Aceite, se entregue. Entregue as dores e os prazeres. Entregue as lágrimas e os sorrisos.
Aceite a luz que inunda todo o ser. Ela precisa de espaço para viver.
Vez ou outra as sombras surgirão. Aceite as sombras dê permissão.
Encare as sombras, converse com elas e então as deixe ir.
Tudo que flui permanece limpo. Tudo que corre permanece vivo.
A morte da espaço para vida. E setembro é meu mês de morrer.
limpe, separe, destralhe... aceite, se entregue, confie.
miopia d'alma
Pego o óculos. Agora vai. Não foi.
Fecho os olhos com força. Abro. Nada.
Distância. Longe. Não reconheço.
Míope. Míope d1alma. Tão distante de mim que não vê o que meus olhos vêem.
Ou será perto demais para enxergar?
Onde estão os óculos da minha alma?
[des]conheço
Súperfluo
das contrações
Aceita e confia. Pensa na tua cria pedindo passagem para chegar.
Ondas de solidão cobram sua dependência, gritam sua impotência, rogam compaixão.
Grita, esperneia, mas deixa te abraçar. Vem dor, vem contração, nem pede permissão. Mergulha em Sedna, abraça Hecate. Ouve seu chamado. Mata a filha. Da passagem. Lá vem ela sem rodeios é a mãe nascendo em partes. Mais um pouco e outra dessa traz o seu rebento. Seu pequeno, seu amor. Tudo então se apaga com a luz daquele olhar. Do peito jorra amor, do ventre jorra a luz.
Amor que mata (em verso)
Dois, um. Bate aqui no peito.
E o sangue corre calmo
Segue o ritmo, a cadência.
Chega nessa vila, um sorriso
Um amigo. Que faz o peito acelerar.
Sem alarde, forasteiro.
Faz o coração vibrar.
Num suspiro arfante um beijo
Haveria de roubar
E o peito ensandecido em um urro dolorido haveria de sangrar.
Tanto amor custa me a vida.
Em um grito arrependido coração deixa de pulsar.
Amor que mata
E esse sujeito tempo congelaria o relógio todo envergonhado de afastar sua mão da minha.
Só um abraço seu, talvez um beijo, um cheiro e um dengo e toda arte tecida em verso se dissiparia num silêncio mudo, se encolheria amuada. Olharia longe da estrada tudo que deixei para trás calada só para te ter comigo.
Só um abraço seu e o mundo pararia de girar, estacionado ouviria o meu sussurro ao pé do teu ouvido.
Dos lábios entreabertos um sorriso reservado para quem soubesse amar. O meu peito ensandecido em um urro dolorido haveria de sangrar....
trégua
mais pontos, vírgulas e reticências.
quero mais entrelinhas.
mais silêncios.
pausas longas.
quero uma trégua.
10 de setembro de 2013
...só...
Só. Só eu. Sozinha comigo mesmo.
Onde me escondi?
Coração vibrando em outro peito.
De outro jeito.
Um dois. Dois um.
Cadê eu?
Sumi.
Será que eu volto para mim?
8 de setembro de 2013
Costura mal feita
Me sinto só. Um ponto sozinho em uma costura mal feita. Ilhada e sem socorro. Solidão. Onde afastei a ajuda? Em que ponto me desprendi da costura?
5 de setembro de 2013
Miopia?
Meus olhos vêem borrões. Imagem etérea e só. Se esforçam, focam. Forçam um zoom...Nada. Só uma imagem sem cor.
Pego o óculos. Agora vai. Não foi. Respiro fundo. Tento de novo, puxo a imagem para perto. Bem perto, a encaro nos olhos.
Fecho os olhos com força. Abro. Nada.
Distância. Longe. Não reconheço.
Míope. Míope da alma. Tão distante de mim que não vê o que meus olhos vêem.
Ou será perto demais para enxergar?
Onde estão os óculos da minha alma? Quero ver o mundo de verdade. Estar nele. Senti-lo. Toca-lo. Enxergar o que preciso encarar. Aceitar. Conhecer. Entregar. VER!
O que eu preciso ver dentro para voltar a enxergar para fora? O que essa alma míope insiste em querer me dizer não me deixando ver?
Me conte. Sussurre nos meus sonhos. Me mostre nos meus dias.
Que eu volte a enxergar a vida fora do peito.
1 de setembro de 2013
que seja
Já não almejo o bom senso.
Deixo de lado toda argumentação.
Que é em vão.
Me reconstruo em bases menos sólidas, mais tórridas.
Entre o sentido, o senso e o tempo me desfaço.
Por ora, só quero ser...
É o que me basta.
Não sou quem quero ser
Não sou quem quero ser, sou melhor.
Quem quero ser foi forjado por esse cultura que limita,
Que aleija. Que massacra.
Deturpada cultura.
Quem quero ser corresponde a um ego machucado.
Uma alma repartida.
Quem eu sou vai além. Além dos padrões, das certezas.
Quem quero ser tem referência. Segue outros. Se espelha.
Quem eu sou não tem igual. É livre. É puro, sem interferência.
Não sou quem quero ser.
Ainda bem.